Olá! Esse é o boletim #24 da revista USINA!
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Nessa edição: uma entrevista com a professora Clarisse Sieckenius de Souza, o filme experimental “Eclipse” de Antônio Moreno, o álbum “Black Christ of the Andes” de Mary Lou Williams, as colagens de Vidi Descaves e um poema de Gabriel Gorini.
Entrevista
Linguagem e computadores inteligentes: entrevista com Clarisse Sieckenius de Souza
Clarisse Sieckenius de Souza é professora titular do Departamento de Informática da PUC-Rio. Tem Bacharelado e Mestrado em Letras pela PUC-Rio e Doutorado em Linguística Aplicada. Desenvolve sua pesquisa sobre Interação Humano-Computador e é desenvolvedora da teoria da Engenharia Semiótica.
“Há uma diversidade grande de ‘pessoas que trabalham na área’. A Inteligência Artificial (IA) historicamente atrai a atenção de pessoas vindas de muitas disciplinas distintas, de Computação a Filosofia, de Lógica a Psicologia, de Engenharia a Linguística, e mais. Além disto, o tipo de trabalho de cada um pode ser mais voltado para a pesquisa, ou mais voltado para o desenvolvimento de aplicações, e hoje em dia inclusive voltado para o Direito, com a legislação sobre uso de dados que avança na Europa e já também no Brasil. Esta multiplicidade de perspectivas torna muito difícil chegar a uma definição mínima. Mas, arriscando uma delas, usaria a antiga definição de Nils Nilsson, para quem a inteligência artificial é um tipo de máquina (ou programa) capaz de fazer coisas que normalmente requerem inteligência humana para se fazer.”
Cinema
Eclipse - Antônio Moreno
Antônio Moreno (1949-2021) foi um cineasta e professor brasileiro, natural de Fortaleza e radicado no Rio de Janeiro a partir dos anos 1960, quando ajudou a fundar o grupo Fotograma, marco da animação experimental no Brasil. Nos anos 1970, formou-se em uma das primeiras turmas de Cinema da UFF, instituição na qual, mais tarde, atuou como responsável pela área de animação no Departamento de Cinema e Vídeo entre 1983 e 2018. Reconhecido como um grande entusiasta da produção cinematográfica universitária, Moreno orientou diversas produções como professor e atuou como assistente em outros trabalhos antes de dedicar-se ao magistério.
Como diretor, realizou 15 curtas-metragens, entre os quais se destaca Eclipse (1984), sua última animação e também a mais impactante. O filme é um ensaio experimental sobre os 21 anos de ditadura no Brasil, no qual Moreno combina uma explosão de imagens e referências com uma narração de forte teor político, revelando beleza e sofrimento em igual medida. A obra foi produzida com a técnica de pintura direta em película e recebeu uma menção especial no XIII Festival de Gramado, em 1985.
Música
Black Christ of the Andes - Mary Lou Williams
Mary Lou Williams foi uma genial pianista, compositora e arranjadora de jazz norte-americana. Nascida no início do século XX, Williams compôs e arranjou obras-primas através das diferentes eras do jazz – suas músicas eram tocadas pelas orquestras de nomes como Duke Ellington, Cab Calloway e Benny Goodman. Além disso, foi mentora e professora dos então jovens músicos Thelonious Monk, Bud Powell, Dizzy Gillespie e Charlie Parker – tendo sido sua influência fundamental no be-bop. Foi umas das primeiras compositoras de jazz a se voltarem para obras de mais larga escala, como é o caso de Zodiac Suite – em que as peças musicais são interpretações sobre os 12 signos do zodíaco. Na década de 1950, se converte ao Catolicismo e passa a se dedicar mais a composições de cunhos religiosos, o caso do presente álbum, “Black Christ of the Andes”, lançado originalmente em 1964.
Artes Visuais
Formas Vivas - Vidi Descaves
A partir da prática contínua de desenhar retratos, em que Vidi trabalha principalmente com aquarela, surgiram também essas experiências realizadas entre 2015 e 2016. Explorando uma nova técnica que ainda seria mais desenvolvida depois, Vidi trabalha com recortes de papéis coloridos e o auxílio de pequenos traços para recriar de forma viva os movimentos e anatomia da natureza humana.



Poesia
A linda figura ecoa, delineada: um anjo, no céu dos inocentes, sobre todas as coisas - Gabriel Gorini
para João Cabral de Melo Neto
Erguido em eras, novas
fases, aeronaves à sorte:
um dia a menos
ao menos se diria,
quem sabe o toque,
a agonia, quem sabe
o corte onde cabe a vida,
ida – ir e não ir como
uma ferida.
De perto tudo é,
e tão que nem parece
que nada tece o real,
realmente – somente a morte?
Partida. Eros navegando
no mar dos suicidas:
coléricos feixes, genéricos
dentes, rindo a risada
maldita.
Frutas, tubérculos, peixes –
abstratas grutas, indigestas
sementes paridas de
gestos no
século das sintéticas
iras. A lira útil, a imensa
barriga, na sombra os
escombros e os restos:
a lombriga.
Cobrir o coberto,
fútil dilema da lida,
aquilo que à quilo
se vende, peso por peso –
medida. Teorema deserto,
sem preço e saída:
além do vazio
que pende e, pendendo,
se esquiva.
Os cinco dedos das mãos,
os nove círculos,
a cisma: até que se prove o veneno
e sobreviva –
até que se esqueça o mistério
que a água cultiva (o
segredo da marca que a lava batiza):
um cego no breu da palavra,
lavra amiga.
Agradecemos a presença de todas as pessoas no lançamento da reimpressão de “Vistos de cima, parecemos um pássaro”, que aconteceu no último dia 10 no Bar do Zé, na Glória. Foi uma noite muito especial para celebrar a arte e o aniversário do autor, Carlos Meijueiro. Compartilhamos aqui alguns registros e para quem quiser o livro, ainda temos alguns exemplares disponíveis na loja da USINA.




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